sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Transparências


Penso que as duas capas de jornal acima falam por si. O “The Sun” (uma espécie de Correio da Manhã inglês) retirou o seu apoio ao Labour Party doze anos depois.

Uma imagem como esta seria impensável em Portugal. Assim. Com este “descaramento”. Um jornal apoiar e retirar o apoio a uma qualquer força política.

Quem cresceu (como a maioria de nós) durante o “cavaquismo” sabe bem em que “família política” assentava o… “Independente” (curiosa escolha de nome…), mas esse apoio nunca é assumido.

Isto vem a propósito da actual polémica com a liberdade de expressão da Imprensa em Portugal (culminada ontem com o caso das escutas divulgadas no “Sol” e todo o “fandango” à volta da publicação ou não do jornal). Nestas últimas semanas vi tudo o que de pior existe por cá…

Querem ver?

Temos um Governo (ou um primeiro ministro) que diz que “não sabia oficialmente de qualquer negócio entre a PT e a TVI). Parece que é de senso comum dizer que é falso. Ok. O argumento “oficialmente” até pode servir, mas seria de superior inteligência logo ter admitido que sabia. Não “oficialmente” mas “oficiosamente”. Esconder o Sol com uma peneira…

Temos uma jornalista que continua a sua luta pelo encerramento do seu “Jornal da Noite”. Confesso que vi o tal “Jornal da Noite” um par de vezes. E se aquilo não era um programa dedicado a denegrir um político, o que era? Jornalismo imparcial?

Depois, temos um jornalista de renome e com cartel a fazer uma crónica baseada num “ouvi dizer que disse que eu” numa mesa de restaurante. Ou seja, um profissional responsável e defensor de éticas a fazer do mais mesquinho que se pode fazer e ainda por cima sem o necessário (e ético) contraditório. O velho e típico acto tuga do “diz-que-disse”. Mexericos… Realmente.

Durante o dia de ontem houve uma manifestação em frente à AR organizada pela “blogosfera” política dita de referência. Apareceram 100 pessoas. 100 pessoas. E provavelmente algumas nem sabiam o que era aquilo.

Pelo meio a oposição agita-se. Num par de dias surgiram 2 candidatos do PSD à liderança do Partido. Um deles jurou a pés juntos que iria cumprir o seu mandato de deputado europeu até ao fim. Começa a surgir a nuvem das eleições antecipadas, e toca de voltar para Lisboa para “tratar da vidinha”. O outro como reacção ao primeiro. Cheira-lhes a Poder fácil… Nunca falha… Seja qual for a cor partidária.

Finalmente a “rábula” do Sol. A administração do Jornal, sabendo da providência cautelar interposta pelo administrador da PT citado nas escutas põe-se “ao fresco” de forma a não ser notificada pela Justiça que pretendia evitar a impressão do jornal. Não está aqui em causa a moralidade de permitir ou não a impressão do jornal. No meu ponte de vista, até pode ser impresso (como acabou por ser). O que está em causa é o total desrespeito pela Lei. Independentemente da justiça da mesma. E se isso é grave quando falamos de simples meliantes e criminosos, mais grave é quando são jornalistas que fogem… Uns dos (supostos) pilares da Democracia, o jornalismo livre, a “fugir” à Justiça. Como imagem… é excelente.

Três ideias finais:

- As pessoas competentes fogem da política
- Portugal ainda não aprendeu a viver em democracia, apesar de 1974 já ter sido há tanto tempo…
- Se “a última fase de um regime político é a comédia” qual é a do jornalismo imparcial?

PS: Se a nível político é como é... ao desportivo é melhor nem falar... mas esses já estão identificados há muito...

3 exclamadores:

Fireal disse...

Concordo com tudo. Como já tive oportunidade de afirmar antes, esta gente merece-se, sem dúvida.

Agora, o que me continua a fazer confusão é a dormência do povo. Mentem, oculta, corrompem e nós nada!

Também nós merecemos o que temos.

Carlita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlita disse...

Eu cá gostava de deixar uma nota. Embora despreze a Manela Moura Guedes e até ache que ela está simplesmente a tentar agarrar-se com unhas e dentes à dignidade que já perdeu há muito tempo, não terá sido a atitude dela a mais correcta no meio deste circo? Não fará mais sentido apresentar uma queixa junto da PGR, que está lá para investigar abusos de poder e defender-nos, antes de fazer o julgamento nos jornais? Nem sequer quero entrar pela discussão da liberdade de imprensa e interesse público, mas parece-me ilógico que, tendo nós os mecanismos, não os usemos. Sim, os media são o 4º Poder, mas há outros que podem, e devem, ser utilizados.

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