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terça-feira, 27 de julho de 2010

Real ou Onírico: eis a questão



Chistopher Nolan é já conhecido pelas suas grandes narrativas disruptivas, devido ao uso constante daquilo a que ao nível da disciplina da Textualidade se denomina analepse e prolepse. E aqui falo obviamente do filme Memento, onde há este percorrer constante entre um passado que é também ele presente e futuro. Um filme cheio de intertextualidades e que concorre para que seja um dos mais adorados da história do cinema.

Contudo, o que se passa no filme Origem supera qualquer ideia de que este vá ser mais um pastiche no que toca ao Memento. Este filme transporta-nos directamente para um labirinto: aliás, o nome da arquitecta “Ariadne” surge como uma referência subliminar a ele mesmo (Ariadne é a figura mitológica que ajudou o seu amado Teseu a sair do dédalus e a salvar-se da fúria do Minotauro).

Mas este filme projecta-nos para um labirinto criado em mise-en-abîme, num jogo de reflexos, num abismo de narrativas, que mais do que entorpecer, esclarecem. É necessário cair, para acordar. É necessário agir para não se ficar preso numa realidade imaginária (antitético, eu sei), paralela que, de tão desejada, se torna estreme. Resta saber o que se quer para a vida: um real-onírico, fabricado pela nossa mente que anseia por um palco construído à nossa vontade, ou o real-térreo, cru, tal como o conhecemos. No fundo trata-se de questionar: o que se quer real?


Um filme a não perder.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Leitor


Há filmes que por um motivo ou outro (geralmente o UM é a impossibilidade física, vulgo falta de tempo) me passam ao lado e revelam-se um pouco mais tarde num período posterior à moda (chamemos-lhe assim) de o ver.

Ontem ao fazer o habitual zapping nocturno “tropecei” no “The Reader”, o filme que valeu um Óscar à Kate Winslet (Hanna Schmitz) e conta com a (sempre brilhante) participação do Ralph Fiennes (Michael Berg).

Infelizmente não apanhei o início do filme e quando o comecei a ver já a principal “trama” estava consumada. Uma leitura aqui e outra ali (brilhante trocadilho com o nome do filme, repararam?) fez me entender qual o motivo porque um rapaz de tenra idade trocava carinhos com uma mulher uns anos mais velha num apartamento de Neustadt (a obtenção do nome da cidade foi também graças a uma leitura acerca do filme) no final da década de 50.

A história versa então sobre um rapaz que conhece uma mulher mais velha e se envolve com a mesma. A leitura de obras literárias que o rapaz vai lendo na escola são seguidas de envolvimento sexual entre ambas as personagens até ao dia que em “misteriosamente” Hanna desaparece após uma promessa de promoção no emprego.

Anos depois, com Michael na idade adulta e já aluno de Direito da Universidade de Heidelberg sob a tutela do Professor Rohl ( o brilhante Bruno Ganz de “A Queda”) “tropeça” num julgamento relativamente a acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e um massacre de judeus. Michael descobre que Hanna tinha um passado nas SS e estava envolvida sendo mesmo apontada como a responsável pelos actos criminosos.

Ao ser pedido uma amostra de caligrafia de Hanna em tribunal, de forma a comprovar que teria sido ela a redigir um relatório que a incriminaria é revelado (finalmente… pois em cenas anteriores já era óbvio) que Hanna é analfabeta e que isso seria a razão por detrás da sua recusa em aceitar a promoção no emprego que conduziu à incorporação nas SS. No entanto acaba condenada a prisão perpétua.

Michael segue a sua vida, casa, tem uma filha e divorcia-se. Um dia ao vasculhar documentos antigos tem um encontro com o seu passado com Hanna e decide-lhe enviar cassetes com textos seus para a prisão.

Hanna aprende a ler e a escrever e começa a trocar correspondência com Michael.

No final da década de 80, Michael é informado que Hanna vai ser libertada. Encontram-se na prisão e Michael promete ajudá-la a recomeçar a sua vida.

Quando regressa para a ir buscar, é informado que Hanna se suicidara e que lhe deixara em testamento uma lata com algum dinheiro para oferecer a uma das vítimas do massacre em que esteve envolvida.

Desconheço se versa sobre uma história verídica, mas a ideia base do filme é simplesmente brilhante, existem cenas fantásticas (adoro a cena do beijo no dia do passeio de bicicleta pelo campo) e o diálogo final entre Michael e uma das “vítimas” do passado de Hanna é brutalmente cru.

A (re)ver com atenção… desde o início.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Festival 8 ½ Festa do Cinema Italiano

"Lisboa vai ser invadida, pela terceira vez, pela bela e rica cultura italiana. A 8 ½ Festa do Cinema Italiano traz novidades e regressa mais cheia de tudo. Filmes e mais filme, claro, filmes que também vão a concurso, filmes em forma de documentário, festas, concertos e eventos sempre com cheirinho a Itália espalhados por toda a cidade, mostra de filmes de realizadores emergentes, e claro que não poderia faltar a presença da deliciosa comidinha Italiana. Filmes clássicos e contemporâneos, na língua mais sexy do mundo, com a mulheres mais belas e voluptuosas que alguma vez o cinema apresentou, com a energia quente, com os argumentos do simples e puro ao mais complexo. Um Dolce fare Niente em explosão de cultura." Fonte: Le Cool.

Já agora, e como achega, o Restaurante Gemelli associa-se à festa e na compra do bilhete para o cinema, oferece 10% de desconto no restaurante com a apresentação do mesmo.

Harvey Keitel Day

"Just Because You Are a Character, Doesn’t Mean You Have Character. E não é que o Mister Wolf faz 70 anos este ano? Como uma das caras duras do cinema mantém-se ainda rijo e disposto a servir de homenageado ao CinAlfama – o nosso núcleo de cinema preferido do puzzle de Alfama. Para arrancar projecta-se o Bad Lieutenant de Ferrara, servindo-se depois em palitando os dentes desta refeição cinéfila, o Cães Danados, primeira longa de Tarantino. Se tens de cruzar o emaranhado deste bairro para lhe render a devida vénia, força! Garanto que se demora meia-hora a chegar aqui – tu o farás em 5 minutos! Vá – o Mister White merece!"

Grupo Sportivo Adicense, Rua São Pedro 20, Alfama
Às 21h30
Gratuito

Fonte: Le Cool

terça-feira, 30 de março de 2010

A Single Man


As primeiras impressões que me traçaram deste filme foi que era um filme demasiado parado. Pensei logo “ora ai está um bom filme para não se ver durante a semana ou numa sexta”. No entanto acabei por o fazer. E em boa hora.
O realizador Tom Ford é um estilista. Não é um realizador. A sua principal ligação ao cinema foi o guarda roupa do Quantum of Solace (um dos piorzinhos Bonds que me lembro) e estaria a anos luz de pensar que seria o realizador de um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.

“A Single Man” é um exercício de realização brutal. Uma primeira cena brutal, uma última cena brutal, e pelo meio, a que para mim é a melhor cena do filme, uma corrida em desespero do protagonista (o enorme Colin Firth) em que apenas se ouvem pingos de chuva.

Todo o filme tem planos fantásticos, mudanças de cor, tentativas de exprimir emoção através da imagem. Volto a repetir: é um exercício de realização brutal.

Quanto à sinopse… Bem… Um casal homossexual nos anos 60 em Los Angeles separado por um acidente de automóvel que fatalmente vitíma o parceiro de George Falconer (Colin Firth). Este professor de inglês decide terminar a sua vida, por não aguentar a perda do companheiro. No entanto no dia que o decide fazer vive vários episódios, tanto com a sua melhor amiga Charley (Julianne Moore), como com possíveis novos amores. O “twist” final é fantástico e talvez inesperado.

Brilhante interpretação quer do Colin Firth (ao qual estou mais habituado a ver em comédias românticas estilo Mamma Mia, Love Actually ou Bridget Jones) quer da Julianne Moore. Acerca da realização já disse tudo: fantástica.

Daqueles filmes em que fico até ao fim… prestando homenagem à ficha técnica.

segunda-feira, 8 de março de 2010

And The Oscar Goes To... *




A Lista pode ser consultada aqui.

Não posso dizer que me sinto surpreendido. O filme que apontei como favorito foi o grande vencedor da noite. "The Hurt Locker" recebeu 6 estatuetas, vencendo o duelo com o "Avatar" (remetido para 3 em categorias técnicas).

Uma grande vitória do Cinema Independente.

Confesso que não vi (ainda) grande parte dos filmes mas também apontava o Christoph Waltz como vencedor do melhor actor secundário (era demasiado injusto caso não o vencesse... e conseguiu).

De resto, como ainda não vi a performance nem da Sandra Bullock nem do Jeff Bridges, deixo essas análises para mais tarde...Ou em caso de conhecimento de causa, para qualquer um de vocês.


* ou algo semelhante

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Eu não quero influenciar, mas...


Parece que o "meu" favorito para os Oscar's é cada vez mais favorito...

Nos BAFTA foi assim.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Invictus


Esqueçamos por momentos a nova "dentadura" do Morgan Freeman. Esqueçamos do bronze plástico do Matt Damon . Esqueçamos as imagens digitais nos estádios (sobretudo as da final no "mítico" Ellis Park de Johannesburg). E esqueçamos também do expoente máximo em termos de realização do Clint Eastwood, que para mim é o "Cartas de Iwo Jima".

Esqueçamos tudo isso e entremos no Invictus...

A história (baseada em factos reais, o que para mim influencia sempre na escolha de um filme) é simples. Um recém empossado presidente Nelson Mandela (Freeman) vê no campeonato mundial de Rugby (o desporto de excelência da minoria branca e símbolo do apartheid) a realizar na África do Sul (em 1995) uma oportunidade de ouro para reconciliar uma nação dividida. O seu "braço direito" nesta tarefa acabará por ser o capitão dos Springboks (a equipa nacional de rugby): François Pienaar (Damon). Uma equipa sem grandes possibilidades de vencer as melhores equipas do mundo é consagrada numa final frente aos todo-poderosos All Blacks da Nova Zelândia lideradas por essa força da natureza (e quem percebe alguma coisa de rugby sabe o que digo) : Johan Lomu.

A narrativa tem imensos planos de bairros miseráveis, da prisão de Robben Island, da libertação de Mandela por ordem do presidente De Klerk, imagens de arquivo dos principais momentos em que dura a história, de pequenos momentos de conflito racial e sobretudo de sorrisos de pequenas crianças pobres.

Não atinge o brilhantismo das "Cartas de Iwo Jima", mas também não se pode pedir a um génio 2 obras primas.

"Invictus" vale a pena.Sobretudo para quem como eu viveu aquelas imagens pela TV e se lembra do presidente Mandela com o polo dos Springboks na célebre final...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Um gajo chamado Eric

Na passada sexta-feira (um frio de cortar em Lisboa) fui ver o último do Ken Loach, Looking for Eric. Adorei o filme. E adorei voltar a entrar no cinema King, onde já não ía há uns bons anos. Fez-me lembrar as saudosas sessões de cinema do Quarteto, naquele espaço escuro, bafiento, vintage. O King não é assim tão underground, mas é indisfarçavel a sua veia Indie, não só pelo espaço em si e pelos filmes que passa, mas também e por consequência, pelas pessoas que o frequentam. A realidade é que me senti muito bem. O filme também ajudou.
Sobre o filme não quero falar muito, os que já viram sabem do que falo, os que ainda não, façam o favor de ver porque vale bem a pena. Então se tivermos em conta as banhadas que vamos levando de vez em quando, podemos falar mesmo de um grande filme.
Tudo isto para chegarmos ao que me trouxe aqui. Naqueles seguimentos de links que nos levam a outros links e assim sucessivamente (não, não fui parar a nenhum site porno), cheguei a este interessantíssimo artigo sobre o "british accent do norte". Leiam e percebam a relação com o Looking for Eric. Have a pint, Mate?