quarta-feira, 28 de julho de 2010

Rapidinha antes de almoço...

Tenho acompanhado pouco (graças a Deus) a saga do Rei Ghob e dos crimes de Carqueja. Mas de repente, assim de repente, e analisando a forma como as famílias das vítimas foram "embarriladas" nunca a expressão de pendor pejorativo "Deves ser da Lourinhã" fez tanto sentido...

... santa ignorância.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Real ou Onírico: eis a questão



Chistopher Nolan é já conhecido pelas suas grandes narrativas disruptivas, devido ao uso constante daquilo a que ao nível da disciplina da Textualidade se denomina analepse e prolepse. E aqui falo obviamente do filme Memento, onde há este percorrer constante entre um passado que é também ele presente e futuro. Um filme cheio de intertextualidades e que concorre para que seja um dos mais adorados da história do cinema.

Contudo, o que se passa no filme Origem supera qualquer ideia de que este vá ser mais um pastiche no que toca ao Memento. Este filme transporta-nos directamente para um labirinto: aliás, o nome da arquitecta “Ariadne” surge como uma referência subliminar a ele mesmo (Ariadne é a figura mitológica que ajudou o seu amado Teseu a sair do dédalus e a salvar-se da fúria do Minotauro).

Mas este filme projecta-nos para um labirinto criado em mise-en-abîme, num jogo de reflexos, num abismo de narrativas, que mais do que entorpecer, esclarecem. É necessário cair, para acordar. É necessário agir para não se ficar preso numa realidade imaginária (antitético, eu sei), paralela que, de tão desejada, se torna estreme. Resta saber o que se quer para a vida: um real-onírico, fabricado pela nossa mente que anseia por um palco construído à nossa vontade, ou o real-térreo, cru, tal como o conhecemos. No fundo trata-se de questionar: o que se quer real?


Um filme a não perder.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"Eu vou ter de ganhar a Champions dê lá por onde der"

“A Champions é um objectivo da minha vida desportiva. Eu vou ter de ganhar a Champions dê lá por onde der. Em que ano não sei, mas que a vou ganhar disso não tenho dúvidas. Acredito que poderá ser pelo Benfica”
Jorge Jesus no jornal A Bola em Maio de 2010

"Tenho a minha convicção que vou ganha-la, agora não sei se em que ano é que a possa ganhar, agora que vou ter capacidade para o fazer, não tenho a mínima dúvida"
Jorge Jesus no programa Trio de Ataque em Maio de 2010

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Aconteceu no Oeste...


De todos os crimes que este psicopata cometeu, ainda não o acusaram porventura de um dos mais graves neste país... O assassinato do bom-gosto...

Perpétua para o Rei dos Gnomos já !!!

E mais uma vez a culpa morre solteira...


... para ler (e recordar) aqui.

O Leitor


Há filmes que por um motivo ou outro (geralmente o UM é a impossibilidade física, vulgo falta de tempo) me passam ao lado e revelam-se um pouco mais tarde num período posterior à moda (chamemos-lhe assim) de o ver.

Ontem ao fazer o habitual zapping nocturno “tropecei” no “The Reader”, o filme que valeu um Óscar à Kate Winslet (Hanna Schmitz) e conta com a (sempre brilhante) participação do Ralph Fiennes (Michael Berg).

Infelizmente não apanhei o início do filme e quando o comecei a ver já a principal “trama” estava consumada. Uma leitura aqui e outra ali (brilhante trocadilho com o nome do filme, repararam?) fez me entender qual o motivo porque um rapaz de tenra idade trocava carinhos com uma mulher uns anos mais velha num apartamento de Neustadt (a obtenção do nome da cidade foi também graças a uma leitura acerca do filme) no final da década de 50.

A história versa então sobre um rapaz que conhece uma mulher mais velha e se envolve com a mesma. A leitura de obras literárias que o rapaz vai lendo na escola são seguidas de envolvimento sexual entre ambas as personagens até ao dia que em “misteriosamente” Hanna desaparece após uma promessa de promoção no emprego.

Anos depois, com Michael na idade adulta e já aluno de Direito da Universidade de Heidelberg sob a tutela do Professor Rohl ( o brilhante Bruno Ganz de “A Queda”) “tropeça” num julgamento relativamente a acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e um massacre de judeus. Michael descobre que Hanna tinha um passado nas SS e estava envolvida sendo mesmo apontada como a responsável pelos actos criminosos.

Ao ser pedido uma amostra de caligrafia de Hanna em tribunal, de forma a comprovar que teria sido ela a redigir um relatório que a incriminaria é revelado (finalmente… pois em cenas anteriores já era óbvio) que Hanna é analfabeta e que isso seria a razão por detrás da sua recusa em aceitar a promoção no emprego que conduziu à incorporação nas SS. No entanto acaba condenada a prisão perpétua.

Michael segue a sua vida, casa, tem uma filha e divorcia-se. Um dia ao vasculhar documentos antigos tem um encontro com o seu passado com Hanna e decide-lhe enviar cassetes com textos seus para a prisão.

Hanna aprende a ler e a escrever e começa a trocar correspondência com Michael.

No final da década de 80, Michael é informado que Hanna vai ser libertada. Encontram-se na prisão e Michael promete ajudá-la a recomeçar a sua vida.

Quando regressa para a ir buscar, é informado que Hanna se suicidara e que lhe deixara em testamento uma lata com algum dinheiro para oferecer a uma das vítimas do massacre em que esteve envolvida.

Desconheço se versa sobre uma história verídica, mas a ideia base do filme é simplesmente brilhante, existem cenas fantásticas (adoro a cena do beijo no dia do passeio de bicicleta pelo campo) e o diálogo final entre Michael e uma das “vítimas” do passado de Hanna é brutalmente cru.

A (re)ver com atenção… desde o início.

sábado, 17 de julho de 2010

Classe média, where are you?

O Estoril Sol Residence em Cascais, acabou de anunciar que dos 110 apartamentos que existiam para venda apenas faltam vender 7. Os imóveis, de tipologias T1 a T6 foram comercializados entre os 1 e 4M€. Até ao momento o promotor já fez um encaixe superior a 200M€. Foda-se!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O Tuga


São demasiadas as vezes (demasiadas no sentido de muitas e por vezes a mais) que critico o “tuga”. Em primeiro lugar, porque para mal dos meus pecados sou um deles, com o fatalismo inerente ao local onde se nasce (o maior fatalismo de uma vida se pensarem um pouco…) e depois porque sendo um deles não deveria ser tão crítico para o que… sou.

Se há característica que o “tuga” tem é a arte do “desenrascanço”. Talvez por anos a viver de “apertos” (Crise? Já a vivemos desde 1143…) ou pelo clássico “Chico- esperto” o “tuga” é claramente um artista da sabedoria popular…

Pois bem, hoje quero homenagear o “tuga” na pessoa do segurança do metropolitano que hoje partilhou comigo a sua sabedoria.

Há dias que tenho dificuldades com o meu “Lisboa Viva” nas cancelas do Metro. É o único sitio onde tenho problemas. E ontem, para desespero, essa dificuldade no identificador custou-me perder um barco (sim…coisas de suburbano… e então?) e um atraso de 2 minutos para o pontapé de saída do Uruguai – Holanda no Mundial. Revoltou-me…

Hoje voltei ao lugar do crime. Ao tentar passar novamente “Erro”. Já não aguentava mais o ar esbaforido dos que estão atrás a serem empatados pelo gajo que “provavelmente não pagou o passe este otário” (outra característica do “tuga” – o escárnio e o boato) e dirigi-me ao segurança. Pois bem, o problema não era electrónico. Era mesmo mecânico. “Carregue com o dedo aqui no chip enquanto o aproxima do identificador. Resulta que é uma maravilha” E resultou…

Obrigado