quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Leitor


Há filmes que por um motivo ou outro (geralmente o UM é a impossibilidade física, vulgo falta de tempo) me passam ao lado e revelam-se um pouco mais tarde num período posterior à moda (chamemos-lhe assim) de o ver.

Ontem ao fazer o habitual zapping nocturno “tropecei” no “The Reader”, o filme que valeu um Óscar à Kate Winslet (Hanna Schmitz) e conta com a (sempre brilhante) participação do Ralph Fiennes (Michael Berg).

Infelizmente não apanhei o início do filme e quando o comecei a ver já a principal “trama” estava consumada. Uma leitura aqui e outra ali (brilhante trocadilho com o nome do filme, repararam?) fez me entender qual o motivo porque um rapaz de tenra idade trocava carinhos com uma mulher uns anos mais velha num apartamento de Neustadt (a obtenção do nome da cidade foi também graças a uma leitura acerca do filme) no final da década de 50.

A história versa então sobre um rapaz que conhece uma mulher mais velha e se envolve com a mesma. A leitura de obras literárias que o rapaz vai lendo na escola são seguidas de envolvimento sexual entre ambas as personagens até ao dia que em “misteriosamente” Hanna desaparece após uma promessa de promoção no emprego.

Anos depois, com Michael na idade adulta e já aluno de Direito da Universidade de Heidelberg sob a tutela do Professor Rohl ( o brilhante Bruno Ganz de “A Queda”) “tropeça” num julgamento relativamente a acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e um massacre de judeus. Michael descobre que Hanna tinha um passado nas SS e estava envolvida sendo mesmo apontada como a responsável pelos actos criminosos.

Ao ser pedido uma amostra de caligrafia de Hanna em tribunal, de forma a comprovar que teria sido ela a redigir um relatório que a incriminaria é revelado (finalmente… pois em cenas anteriores já era óbvio) que Hanna é analfabeta e que isso seria a razão por detrás da sua recusa em aceitar a promoção no emprego que conduziu à incorporação nas SS. No entanto acaba condenada a prisão perpétua.

Michael segue a sua vida, casa, tem uma filha e divorcia-se. Um dia ao vasculhar documentos antigos tem um encontro com o seu passado com Hanna e decide-lhe enviar cassetes com textos seus para a prisão.

Hanna aprende a ler e a escrever e começa a trocar correspondência com Michael.

No final da década de 80, Michael é informado que Hanna vai ser libertada. Encontram-se na prisão e Michael promete ajudá-la a recomeçar a sua vida.

Quando regressa para a ir buscar, é informado que Hanna se suicidara e que lhe deixara em testamento uma lata com algum dinheiro para oferecer a uma das vítimas do massacre em que esteve envolvida.

Desconheço se versa sobre uma história verídica, mas a ideia base do filme é simplesmente brilhante, existem cenas fantásticas (adoro a cena do beijo no dia do passeio de bicicleta pelo campo) e o diálogo final entre Michael e uma das “vítimas” do passado de Hanna é brutalmente cru.

A (re)ver com atenção… desde o início.

4 exclamadores:

Andreia disse...

Um filme forte, denso, apaixonante e com uma fotografia crua e genuina. Vi no cinema e foi esmagador. Valeu o óscar, mais do que merecido, à Kate Winslet.

Jojojoli disse...

Também tive oportunidade de o ver no cinema e adorei. É um filme brutal.
Compare-se esta interpretação da Kate Winslet, com a da Sandra Bullock em The Blind Side (Um sonho possível) e perceba-se os critérios que definem as atribuições dos Óscares.

Ricardo disse...

Excelente interpretação realmente... Inteiramente merecido...

Andreia disse...

Comparação impossivel joli...impossivel. Ainda hoje não percebo a atribuição desse óscar...

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