
Chistopher Nolan é já conhecido pelas suas grandes narrativas disruptivas, devido ao uso constante daquilo a que ao nível da disciplina da Textualidade se denomina analepse e prolepse. E aqui falo obviamente do filme Memento, onde há este percorrer constante entre um passado que é também ele presente e futuro. Um filme cheio de intertextualidades e que concorre para que seja um dos mais adorados da história do cinema.
Contudo, o que se passa no filme Origem supera qualquer ideia de que este vá ser mais um pastiche no que toca ao Memento. Este filme transporta-nos directamente para um labirinto: aliás, o nome da arquitecta “Ariadne” surge como uma referência subliminar a ele mesmo (Ariadne é a figura mitológica que ajudou o seu amado Teseu a sair do dédalus e a salvar-se da fúria do Minotauro).
Mas este filme projecta-nos para um labirinto criado em mise-en-abîme, num jogo de reflexos, num abismo de narrativas, que mais do que entorpecer, esclarecem. É necessário cair, para acordar. É necessário agir para não se ficar preso numa realidade imaginária (antitético, eu sei), paralela que, de tão desejada, se torna estreme. Resta saber o que se quer para a vida: um real-onírico, fabricado pela nossa mente que anseia por um palco construído à nossa vontade, ou o real-térreo, cru, tal como o conhecemos. No fundo trata-se de questionar: o que se quer real?
Um filme a não perder.
1 exclamadores:
Tenho de ir ver rapidamente :-)
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