sexta-feira, 16 de abril de 2010

Não Há Pequenos Almoços de Borla


Esta semana o DIAP deduziu uma acusação em que (segundo o DIAP) fica provado que o pequeno almoço e apoio do Luís Figo à recandidatura do Eng. José Sócrates foi “pago” com o contracto publicitário do Tagus Park.

Isto pode porventura cair em Tribunal. Pode… Mas cheira mal…

Confesso que sendo admirador das qualidades futebolísticas do Figo sempre o vi como alguém capaz de várias coisas por dinheiro. Esta foi porventura mais uma. A sua carreira foi feita de episódios mais ou menos como este, e ao ter lido no livro do José Veiga a rocambolesca contratação pelo Real Madrid do Figo, está tudo dito…

Este caso “Tagus Park” revela o sistema político / partidário / social no qual estamos inseridos. Os valores morais praticamente não existem e tudo é feito em troca de algo. Tudo.

O Papa vem a Portugal? Toca de dar tolerância de ponto aos funcionários públicos. Porquê? Não somos um Estado laico? Troca de favores com a Igreja?

Curiosamente nestes últimos dias vi dois documentários que atestam bem 2 realidades em que a moralidade é enviada às urtigas.

O “Pare, Escute e Olhe” do Jorge Pelicano mostra um retrato do país real através da problemática da “Linha do Tua”. Apesar de (e esse para mim é o principal erro do trabalho efectuado) não procurar o contraditório, o documentário tenta transmitir que existe uma conspiração para despovoar o interior e deslapidar o seu património natural e cultural de forma a serem realizadas obras que agradam aos grandes empreendedores (neste caso uma barragem da EDP que segundo a opinião de alguns técnicos entrevistados no documentário de pouco servirá para as necessidades energéticas de Portugal). Basicamente mostra imagens das pessoas a envelhecerem, sem meios de se deslocarem às maiores cidades da região para obterem bens essenciais e morrendo lentamente. A analogia feita com o trabalho de um coveiro é bruta e ao mesmo tempo genial.

Depois, o “Capitalism – A Love Story” do habitué Michael Moore. Com todo o “show-off” que o Moore geralmente emprega nos seus trabalhos existem ideias importantes. O Moore mostra as ligações promiscuas entre a Goldman Sachs e o departamento de Tesouro Norte Americano, a luta da estrangulada classe média e a esperança que tem em Barack Obama. Faz resenhas históricas que vão desde o Roosevelt ao Regan. E tenta provar que a galopante economia pós guerra dos EUA se deve em grande parte à destruição da máquina produtiva dos seus maiores rivais: a Alemanha e o Japão.

Qual a semelhança entre ambos?

Com as devidas diferenças, é mais uma vez a ligação entre o grande capital e o poder político. Em que todos os favores se pagam, em que as grandes empresas definem os programas dos governos consoante os seus interesses…

Ah, o Michael Moore diz também que há apenas uma arma para combater este mal: O poder de voto é individual... por enquanto.

1 exclamadores:

Jojojoli disse...

No nosso caso (português) não sei se podemos falar do "poder do voto", dadas as alternativas.
Excelente post!

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